Sobre deixar de amar

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| By : Natália Kleinsorgen | In : ,

Isso aqui não é mais uma conversa sobre muitos amores, insegurança ou eternidade de sentimentos. É, na verdade, um guia prático que vai acordar marmanjos para a vida; um tapa na cara do que é infinito; um 'viva' à efemeridade.

Se tem uma coisa que atrasa a vida do sujeito é aquele clássico apego às coisas que ele ama. Não interessa se aquilo te rouba a cena uma, três, ou 27 vezes por dia. O fato é que, se você ama, isso vai te fazer desconsertar, desconcentrar, desandar a carruagem e, se bobear, vai te fazer colidir numa montanha de estrume fresco.

O amor é assim... Obviamente ridículo e gasta tempo, tempo esse que você não revê nunquinha. Ah, gente, tô falando daqueles amores impossíveis ('Impossible is nothing' é lindo, mas deixe isso pra marca de esportes, oquei?), sabe? Daqueles sem retorno, do que você vive sozinho.

Pois bem, são três os passos para o desapego total a caminho da felicidade. Não são simples, confesso, mas vale a pena se livrar do estorvo que te acomete. É necessário um pouco de paciência - sinta a complexidade da coisa; pra mim, essa é a pior parte! -, concentração e objetivo. Foco. Mandinga, não!

1º passo: Coisificação do objeto. Digamos que você não tenha percebido, mas já deixou de amar várias coisas. Vela a pena lembrar daquela banda que você não vivia sem. Ou aquela blusa que, mesmo depois de furada, foi difícil abandonar. Lembra da sandália-havaiana branca, já amarronzada, que sua mãe esperou você dormir pra jogar fora? Então, tudo isso foi embora e substituído. O truque é transformar o seu amor em uma 'coisa'. Difícil? Talvez. Mas o segundo passo pode te ajudar. Pra começar, transforme o sujeito em objeto, depois

2º passo: Note que sua existência independe da existência da 'coisa'. É fato que você já se imaginou caído no chão, ausência de respiração e, muitas vezes, até desejou isso, só de imaginar a perda da (agora) 'coisa' que você ama. Bicho, isso não existe. Se você já ouviu histórias de algum casal de velhinhos que morreu quase juntos, que não suportaram a perda do outro... Lindo! Isso não tem nada a ver com sua relação com a 'coisa'. Eu te digo: não é definitivo. Principalmente se estivermos falando de relacionamento aos 20 e poucos anos. Minha mãe diz: 'nada é definitivo nem na minha idade'. Entendido? Ninguém vai morrer, ninguém vai ficar sozinho pra sempre, ninguém vai entrar em depressão crônica. Para lembrar que sua vida segue bela com a ausência da 'coisa', segue o próximo (e último) passo.

3º passo: Ignore a 'coisa'. Para que você entenda que essa é uma possibilidade real, darei um exemplo real. Backstreet Boys. Meu irmão, como eu amava! Não podia passar um dia da minha movimentada vida sem reverenciá-los com uma coreografia em frente a tevê, sem uma música no chuveiro, sem me perder em pensamentos medonhos de uma vida a seis com os 'garotos da rua de trás'. Os malucos sumiram (nesse caso, a abandonada fui eu) e, ao transformar a imagem deles em discos, pôsteres e VHS', passei a ignorá-los. Deixei de ouvir, de comprar novas paradas, de dar linha na pipa (hoje, daria unfollow neles no Twitter, bloquearia no MSN e ativaria o 'mostrar NUNCA' no Gtalk). Tamanho meu desdém, os caras lançaram uma espécie de pedidos de reconciliação, chamado 'Never Gone', algo parecido com um 'nunca deixei de te amar', e adivinha? Ca-guei sumariamente.

Sacou? Não aumente esperanças, não gaste seu tempo, não guarde rancor. Desgaste demais só traz lembranças e faz todos esses passoas parecerem complicados. Mas lembre-se, segundo uma filósofa dessas qualquer, 'siempre volvemos a amar'... Desde que seja outra coisa, né?

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Comments (5)

Paul Rabbit se sentirá ameaçado quando você começar a escrever o livro, ''carro chefe'', de sua filosofa.

;)

Agora, vou te falar uma coisa ... a merda toda é a máxima "recordar é viver" ... como isso persegue, ainda ontem tava ouvindo BSB

hahahah amei! Vou levar comigo!

Oi gostei do seu texto, visite o meu blog de textos pessoais, obrigado.

Bom... Eu ainda gosto de BSB...